quinta-feira, 16 de maio de 2013

Mulheres no Cinema

Breve História da Mulher no Cinema

Não faria sentido abordar o papel da Mulher no cinema sem, inicialmente, tratar da história do cinema. Como será bastante óbvio para a maioria, a mulher não influencia o surgimento da Sétima Arte; no entanto, seria incompreensível abordar tal tema sem referir os grandes feitos primordiais, atribuídos a homens, e percorrendo a evolução do papel da mulher ao longo da história do cinema.

Além da óbvia contextualização histórica que este capítulo trará, permitir-nos-á avaliar o impacto das primeiras manifestações femininas no mundo cinematográfico. Estas manifestações trabalham em dois sentidos: por um lado, um papel ou personagem influenciará as mentalidades da sociedade sua contemporânea; por outro, a própria sociedade será transportada para o grande ecrã, e permitirá a construção de personagens.

Primórdios, Primeiras Realizadoras, Marcos da História do Cinema

 A história do cinema inicia-se, naturalmente, com as experiências feitas ao longo de todo o século XIX. Estas eram, quase exclusivamente, jogos ópticos, e podemos falar de inventores como William George Horner, Willian Fitton, J. A. Ferdinand Plateau ou Émile Reynoud.

Em 1891, Thomas Edison inventou o cinétografo e, posteriormente, o cinetoscópio. Foi com base nestes que os irmãos Auguste e Louis Lumière construíram o cinematógrafo: aparelho portátil que realizava três funções, filmar, revelar e projectar. 

Em 1895 foi feita a primeira exibição pública paga de filmes e é, normalmente, esta, a data indicada como o nascimento do cinema.

Edison e Lumière foram, então, os primeiros realizadores e apresentaram, na altura, documentários que seriam o incentivo ao início do cinema amador: Sortie de l’usine Lumière à Lyon (1895) foi o primeiro documentário dos irmãos e Vitascope (1896), a primeira produção de Edison.

A impossibilidade, até ao final da década de 20 – mais precisamente, até 1927, com The Jazz Singer , de adicionar som às películas, fazia com que a projecção dos primeiros filmes fosse normalmente acompanhada de música ao vivo e era frequente a existência de diálogos escritos, projectados entre cenas.
 
Ao longo de toda a história do cinema, algumas atrizes são dignas de destaque, caracterizando a história contemporânea: Theda Bara é considerada a primeira “mulher fatal”, ainda na época do cinema mudo. Depois dela, várias se seguiram: Mary Pickford, Greta Garbo, Marlène Dietrich, Mae West, Ingrid Bergman, Ava Gardner, Rita Hayworth, Carmen Miranda, Marylin Monroe, Audrey Hepburn, Jane Fonda… são inúmeros os exemplos de divas e estrelas, reconhecidas por todos e produzidas pela indústria cinematográfica, que se continuam até aos dias de hoje. Julia Roberts ou Michelle Pfeiffer provam-no.
 
Ao mesmo tempo, não podemos negligenciar o papel das realizadoras, porque também as há!, e é fulcral mencionar alguns nomes. Embora, inicialmente, o papel da realização e produção estivesse totalmente entregue aos homens, ao longo dos tempos veio a dar-se uma abertura cada vez maior destes cargos a mulheres, como em tantos outros cargos tradicionalmente masculinos, o que é sintomático da própria evolução das mentalidades. Assim sendo, surgem nomes como Leni Riefenstahl, Jane Fonda, Jodie Foster, Mira Nair, Kathryn Bigelow, Sofia Coppola ou Teresa Villaverde. A própria história mundial foi construindo a história do cinema: é durante a I Guerra Mundial, e devido à situação de destruição na Europa, que a produção de filmes passa a concentrar-se em Hollywood. É esta situação que, potenciando a formação e desenvolvimento de grandes estúdios, leva ao surgimento do “Star System”, o “fabrico” de estrelas que encantam multidões: o caso de Mary Pickford, “a noivinha da América” e o de Theda Bara são óbvios.
 
Surge, também, pelos anos 20, o consolidar dos principais géneros cinematográficos – western, policial e comédia, sobretudo -, de que falaremos mais à frente.
 
A partir dos anos 30, e até à II Guerra Mundial, apesar de a produção continuar a concentrar-se principalmente em Hollywood, também a França, RDA e URSS produzem obras de destaque. No primeiro caso, é-nos fornecida uma perspectiva lírica da sociedade, através do realismo poético e de melodramas policiais. Na Alemanha nazi, o cinema é utilizado como propaganda do regime – exemplo disso é Triumph Des Willens (1935), de Leni Riefenstahl. Finalmente, na URSS, também são usadas obras cinematográficas como propaganda mas, neste caso, aos planos quinquenais impostos por Estaline. Esta época é também referida como “a época de ouro de Hollywood”, que surge após a Grande Depressão e que se baseia numa renovação da indústria. Ultrapassada a II Grande Guerra, realizadores e críticos italianos decidem assumir uma posição mais crítica em relação aos problemas sociais e a rebelarem-se contra os sistemas de produção tradicionais. Surge, então, a relativamente curta experiência do neo-realismo, que, mesmo assim, deixa marcas profundas no mundo cinematográfico, sobretudo ao nível da temática, linguagem e relação com o público. Também na Itália, algum tempo depois  (leia-se anos 50-60), surge uma grande preocupação com a investigação psicológica de uma sociedade em crise: é o tempo da discussão e da reflexão sobre a condição humana e sobre a sexualidade como meio de autoconhecimento e transformação.
 
No mesmo período, em França, persiste um cinema tradicional e quase exclusivamente académico; as obras são pessimistas e exageradamente politizadas ou reagem ao materialismo e existencialismo. Jacques Tati renova a comédia com Mon Oncle (1958). Em 1957, surge, num entanto, um movimento contra o academismo vigente, e que privilegia o cinema de autor, rejeitando o cinema de estúdio e as regras narrativas. É a Nouvelle Vague.
 
A partir daqui, assistimos a um desenvolver das técnicas e dos procedimentos, a um aprofundamento de temas, linguagem, personagens, etc, que nos leva ao cinema que conhecemos hoje em dia. O papel da mulher, diminuto no início da história do cinema, adquire um papel fulcral – e, muitas vezes, principal – no mundo do cinema, e não pode ser desprezado.
 
É, assim, desde já notório o impacto das primeiras manifestações femininas neste mundo – embora não devam ser retiradas do contexto histórico em que estão inseridas -, que ajudaram na libertação da mulher e na abertura do seu papel social, sendo uma óbvia arma para o triunfo (maior ou menor) do feminismo no mundo.

Artigo publicado pelo site: http://mulheresecinema.blogs.sapo.pt/6967.html
 
 

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